O que aprendi sobre o perdão
Um amigo não me perdoou e por um momento eu não sabia o que fazer
Essa
semana tem sido particularmente difícil, e depois de conversar com alguns
amigos e refletir bastante sobre inúmeras situações onde eu dei alguma mancada,
ou realmente não fui capaz de compreender o que estava acontecendo - e
consequentemente – magoei alguém, acho que posso dizer uma coisinha ou duas
sobre o que eu aprendi sobre o perdão.
To
falando de perdão de verdade sabe, daqueles que a gente dá de coração e não
daquele tipo que é mais como um pedido de desculpas feito só pra se livrar do ‘problema’.
Longe
de mim querer ser “caga regras” de alguma coisa, não tenho intenção nenhuma de
passar receita de felicidade pra ninguém, muito menos pontuar o que é correto e
o que não é, mesmo porque cada situação é diferente e assim também são as
pessoas e seus respectivos relacionamentos. Dito isso, que fique claro que essa
é a minha opinião, baseada única e exclusivamente nas minhas próprias
experiências de vida.
Pra
começar o mais óbvio, o perdão não é fácil de dar. Não importa quem seja a
pessoa que esta pedindo (ou não), perdoar é tão complicado quanto reconhecer
que errou feio com alguém. Principalmente porque normalmente há muita
mágoa envolvida.
Mas
só porque é difícil, não implica necessariamente que seja impossível né? Na
verdade, é todo um trabalho psicológico. É preciso muito querer que as coisas
se resolvam de forma que esse peso no coração não exista mais.
Sou
do tipo de gente que é meio metódica pra certas coisas, então eu sempre fico
pesando as coisas boas e as coisas ruins, sou bastante orgulhosa também, mas
sempre me questiono: eu passaria por cima do meu orgulho por tal pessoa? Isso
não é uma fórmula (como já disse antes), mas na minha cabeça – estranha – eu tento
organizar meu pensamento da maneira mais racional que eu conseguir, não se
engane, a razão faz verdadeiros milagres quando trabalhada em conjunto com as
emoções. Nunca acreditei muito quando dizem que as duas coisas são tão
distintas que não dá pra agir de acordo com ambas. Balela.
Óbvio
que se a contradição for muito grande, não rola mesmo. Mas efetivamente quando
usamos a razão pra enxergar através dos sentimentos nublados, têm-se toda uma
nova forma de lidar com o problema.
Outro
ponto importante, tem um certo tipo de gente que acha que o perdão é instantâneo,
mas claramente não é bem assim. É preciso espaço e tempo pra que a gente
consiga deixar certas coisas de lado e realmente se desfazer da mágoa. Então,
por mais que a ansiedade de resolver logo o assunto seja grande, respeitar o
tempo do outro é essencial.
Assumir
que tá errado também é muito importante, sem justificativas ou meias desculpas,
assumir de fato que pisou na bola, que foi imaturo ou não aguentou a pressão da
situação, se colocar como responsável pelo ocorrido. É libertador e também uma
coisa bem honrável de se fazer. Ser omisso não te leva a lugar nenhum.
Não
peça o perdão de alguém se você não tem a intenção de aprender com seus erros,
e na verdade só quer que a outra pessoa esqueça que você é/foi capaz de ferir
os sentimentos dela. As pessoas perdoam, mas não esquecem.
Por
fim, se você (ainda) não foi perdoado, mesmo depois de ter assumido sua parte
na culpa, ter dado tempo e espaço para a outra pessoa, mesmo que você saiba que
no seu coração você nunca mais vai querer dar uma mancada com ela. Se mesmo
assim, você ainda não for “digno” de perdão, não fique se remoendo por isso.
Acho
que esse é o melhor conselho que eu posso deixar aqui, se tudo isso ainda não
for suficiente não há mais muitas outras coisas disponíveis a serem feitas, dá
pra chorar um pouco, ficar chateado, mas no fim você sabe que fez tudo que
podia e sua consciência está tranquila. É triste porque ambos os lados saem
perdendo, mas acredito que não há salvação pra um relacionamento (seja ele do
tipo que for) quando não há espaço pra compreensão. Nada vale a pena à perda da
dignidade, dignidade de ser quem se é pessoa que erra e que também acerta que
pede perdão e que também perdoa. Em certos casos é melhor let it go.
“Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil.” – Extraordinário por R. J. Palacio
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